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Plano de colocação da prótese de mama: dual plane, subglandular, subfascial e submuscular

Introdução

A escolha do plano de colocação da prótese de mama é uma decisão crucial que influencia diretamente os resultados estéticos e funcionais da cirurgia de aumento mamário. Existem quatro principais opções: dual plane, subglandular, subfascial e submuscular. Cada técnica tem suas indicações específicas, vantagens e desvantagens, que variam de acordo com a anatomia da paciente, os objetivos do procedimento e a recomendação do cirurgião.

Planos da prótese mamária: Submuscular, subglandular, subfascial e dual plane

Subglandular

Na técnica subglandular, a prótese é colocada diretamente sob a glândula mamária e acima do músculo peitoral. Esse plano é indicado principalmente para pacientes com tecido mamário suficiente para cobrir a prótese, o que minimiza o risco de visibilidade ou ondulações. A principal vantagem é a recuperação mais rápida e menos dolorosa, já que o músculo não é manipulado. No entanto, essa técnica pode ter maior tendência à flacidez ao longo do tempo e oferece menos sustentação para a prótese, aumentando as chances de movimentação, rotação e perda da definição do colo mamário. Como a prótese é posicionada de forma mais superficial, ela inicialmente define melhor o colo, mas esse efeito pode ser temporário. Com o tempo, à medida que o implante ganha mais mobilidade e perde sustentação, há uma tendência de queda da prótese, o que resulta na perda dessa definição inicial.

Subfascial

A colocação subfascial envolve posicionar a prótese sob a fáscia do músculo peitoral, uma fina camada de tecido que recobre o músculo. Teoricamente, essa técnica teria como objetivo fornecer maior proteção, cobertura e sustentação ao implante em comparação à técnica subglandular. Na prática, no entanto, o plano subfascial se comporta de maneira semelhante ao subglandular, com a prótese tendo mais liberdade de movimento, o que aumenta a chance de rotação em relação aos planos dual plane e submuscular, além de resultar em perda da definição do colo mamário em um curto período de tempo.

Submuscular

Na técnica submuscular, a prótese é colocada totalmente sob o músculo peitoral, sendo ideal para pacientes com pouco tecido mamário, pois oferece mais cobertura e um aspecto mais natural. Além disso, essa técnica reduz o risco de contratura capsular. No entanto, a recuperação tende a ser mais lenta e dolorosa devido à manipulação muscular. Uma das vantagens é que o plano submuscular proporciona maior sustentação a longo prazo, sendo especialmente indicado para pacientes que buscam resultados duradouros. Por estar em um plano mais profundo, a prótese tem menor capacidade de imprimir seu formato, criando um resultado mais natural. No entanto, quando se deseja um contorno mais definido, esse efeito pode ser compensado pelo aumento do volume e da projeção da prótese.

É fundamental que a prótese tenha um espaço adequado para evitar mobilização excessiva e garantir maior sustentação, mesmo que isso atenue o contorno visível do implante, o que pode ser compensado com o aumento de volume e projeção. Portanto, a sustentação da prótese é mais importante para o contorno do que um posicionamento mais superficial. Um ponto importante é que, anatomicamente, o músculo peitoral está posicionado mais alto que a mama, o que pode fazer com que a prótese fique mais elevada, criando o efeito de “colo duplo”. Esta é a principal desvantagem da técnica submuscular e foi justamente o que levou ao desenvolvimento da técnica dual plane, que corrige esse problema.

Dual Plane (Plano Duplo)

Na técnica dual plane, a prótese é colocada parcialmente sob o músculo peitoral e parcialmente sob o tecido mamário, combinando as vantagens dos planos submuscular e subglandular. Essa técnica foi desenvolvida para corrigir um dos principais problemas da colocação submuscular, que é o “colo duplo” — quando a prótese fica elevada em relação à mama, criando um desnível entre o implante e o tecido mamário. Ao liberar a porção inferior da mama da cobertura muscular, o dual plane permite que a prótese preencha melhor essa área, criando um contorno mais natural e suave.

Essa abordagem oferece uma cobertura adequada da prótese na parte superior, protegendo o implante em pacientes com pouco tecido mamário, ao mesmo tempo em que preserva a definição e o preenchimento do colo mamário na parte inferior, o que não acontece na técnica submuscular tradicional. Além disso, o dual plane proporciona uma maior sustentação a longo prazo, pois a porção superior da prótese permanece ancorada sob o músculo, diminuindo a chance de flacidez.

A recuperação do dual plane é mais rápida do que a submuscular completa, mas ainda envolve alguma manipulação muscular, podendo causar desconforto no pós-operatório. Essa técnica é amplamente recomendada para pacientes que buscam resultados naturais, mas com uma definição de colo mais perceptível e duradoura.

Conclusão

A escolha do plano de colocação da prótese é um fator crucial para o sucesso da mamoplastia de aumento e deve ser feita com base em uma análise cuidadosa das características anatômicas e dos objetivos de cada paciente. Técnicas como a subglandular, subfascial, submuscular e dual plane oferecem diferentes benefícios e desafios, variando desde a recuperação até a sustentação e naturalidade dos resultados.

Por isso, é essencial contar com a orientação de um cirurgião plástico experiente, que possa avaliar o caso individualmente e sugerir a melhor abordagem para garantir um resultado estético harmonioso, seguro e que atenda às expectativas da paciente. Cada técnica tem suas indicações específicas, e o diálogo aberto entre paciente e cirurgião é fundamental para alinhar expectativas e obter o melhor resultado possível.

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Médico pela UFPR, cirurgião plástico pela UFPR, sócio-proprietário da Clínica Bellage e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

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