O que é contratura capsular?
A contratura capsular é uma complicação que pode ocorrer após a cirurgia de implante mamário. Ela se refere ao enrijecimento ou contratura da cápsula de tecido cicatricial que se forma ao redor do implante mamário.
Quando uma prótese mamária é inserida no corpo, o organismo forma naturalmente uma camada de tecido cicatricial ao redor do implante, conhecida como cápsula. Em alguns casos, essa cápsula pode se contrair e enrijecer, levando à formação de uma contratura capsular.
Quais os fatores que aumentam a chance de contratura capsular?
Primeiramente, a chance de um paciente com prótese de mama desenvolver contratura capsular, segundo estudos recentes, é em torno de 4%. Essa taxa de incidência pode variar para mais ou menos, a depender de alguns fatores. Iremos expor aqui alguns fatores que aumentam a chance de desenvolver essa complicação:
- Hematoma (acúmulo de sangue na loja do implante)
- Seroma (acúmulo de líquido na loja do implante)
- Infecção
- Extravasamento do gel de silicone
- Prótese lisa (as próteses de mama com superfície lisa apresentam taxa de contratura maior que próteses de superfície texturizada)
- Prótese subglandular em comparação com prótese submuscular (é conhecido que as próteses de mama localizadas no espaço submuscular têm taxa menor de contratura)
Qual a intensidade da contratura capsular?
Uma forma de medir a intensidade da contratura capsular é através da classificação de Baker, descrita em 1975 e ainda utilizada atualmente. Essa classificação divide a contratura em quatro graus:
Grau I
Nesse grau, a mama apresenta um aspecto normal, sendo macia e semelhante a uma mama não operada.
Grau II
A contratura é mínima, e a mama é um pouco menos macia que uma mama não operada. A prótese pode ser palpada, mas não é visível.
Grau III
A contratura capsular é moderada, tornando a mama mais firme. O implante é palpável facilmente e pode apresentar distorção ou ser visível.
Grau IV
A contratura capsular é intensa, deixando a mama dura, sensível, dolorida e com distorção significativa.
A técnica cirúrgica é importante para reduzir o risco de contratura capsular?
Sim, durante o ato cirúrgico, o cirurgião pode adotar táticas para minimizar a chance de contratura capsular, como por exemplo:
- Realizar a operação apenas em pacientes que passaram por uma rigorosa avaliação pré-operatória e não apresentaram riscos adicionais ao procedimento. Dessa forma, o risco de desenvolver complicações como infecção, hematoma ou seroma é reduzido, o que consequentemente diminui a chance de contratura, já que essas complicações são fatores de risco.
- Preferir implantes de superfície texturizada e utilizar o espaço submuscular.
- Realizar uma hemostasia rigorosa durante o ato cirúrgico, para garantir a ausência de acúmulo de sangue no pós-operatório.
- Permitir somente que o cirurgião toque na prótese, a fim de diminuir a chance de contaminação, bem como deixar a prótese em contato com o meio externo pelo menor tempo possível.
- Irrigar a loja que irá receber a prótese e também a própria prótese com solução antibiótica.
- Trocar a luva e, em seguida, lavar as mãos enluvadas com solução antibiótica antes de manipular as próteses.
- Limpar a pele ao redor do corte por onde passará a prótese com solução antisséptica.
- Usar curativos compressivos e sutiã modelador para reduzir o edema e o acúmulo de líquido.
- Utilizar próteses de mama de boa procedência.
Como é feito o diagnóstico de contratura capsular?
O diagnóstico de contratura capsular é essencialmente clínico. Durante a avaliação, o cirurgião consegue identificar, por meio da palpação, visualização e das queixas do paciente, os sintomas típicos da contratura, tais como dureza do implante, visualização e distorção da prótese, sensibilidade ou dor. Exames de imagem podem contribuir para o diagnóstico, principalmente a ultrassonografia e a ressonância magnética da mama.
Qual o tratamento para contratura capsular?
Alguns medicamentos, que são utilizados no tratamento da asma, têm sido estudados como uma alternativa para casos leves (grau II de Baker) de contratura capsular, evitando a necessidade de reoperação. Esses medicamentos pertencem à classe dos anti-leucotrienos, tais como Zafirlucaste e Montelucaste. No entanto, para casos de contratura capsular mais avançados (grau III e IV de Baker), a intervenção cirúrgica ainda é a opção mais indicada.
O procedimento cirúrgico consiste na remoção da prótese antiga, juntamente com a cápsula doente, podendo ser feita a introdução de uma nova prótese ou não. É importante ressaltar que o diagnóstico e a avaliação do grau da contratura capsular devem ser feitos por um cirurgião capacitado, através de exame clínico e exames de imagem, como ultrassonografia e ressonância magnética.
Além disso, é importante lembrar que a prevenção é sempre a melhor opção. Adotar medidas durante a cirurgia, como a escolha de implantes de superfície texturizada, o uso do espaço submuscular e a realização de uma hemostasia rigorosa, podem ajudar a minimizar as chances de desenvolver contratura capsular. O acompanhamento médico regular também é fundamental para detectar precocemente qualquer problema e garantir uma rápida intervenção.
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