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Tudo o que você precisa saber sobre o BIA-ALCL: O câncer raro relacionado a próteses de mama

Introdução

Bem-vindo(a) ao nosso blog de cirurgia plástica! Hoje vamos abordar um assunto importante e muitas vezes cercado de dúvidas: o linfoma anaplásico de grandes células B relacionado a próteses mamárias, mais conhecido como BIA-ALCL.

Nos últimos anos, a preocupação com a segurança das próteses de mama tem se intensificado, e o BIA-ALCL tem sido um dos temas em destaque nesse contexto. Embora seja uma condição rara, compreender os aspectos relacionados a esse tipo de câncer é fundamental para pacientes, médicos e todos aqueles interessados em cirurgia plástica.

Neste artigo, vamos explorar os principais pontos sobre o BIA-ALCL, desde sua definição até os sinais de alerta, diagnóstico e opções de tratamento disponíveis. Nosso objetivo é fornecer informações atualizadas e esclarecer quaisquer dúvidas que você possa ter sobre essa condição.

É importante ressaltar que, embora o BIA-ALCL seja uma preocupação legítima, a maioria das mulheres com implantes mamários não desenvolve essa condição. No entanto, estar ciente dos sinais de alerta e buscar acompanhamento médico adequado são passos importantes para a saúde e tranquilidade das pacientes.

Então, vamos mergulhar no mundo do BIA-ALCL, entender como ele se relaciona com as próteses de mama e desmistificar alguns mitos que podem gerar ansiedade. A informação é poder, e nosso objetivo é ajudá-lo(a) a tomar decisões informadas e seguras sobre sua saúde e bem-estar. Acompanhe-nos nesta jornada!

Um pouco de história

O primeiro caso de BIA-ALCL foi relatado em 1997, quando uma mulher com implantes mamários apresentou um tipo incomum de linfoma. No entanto, inicialmente, não foi feita uma associação direta entre o câncer e as próteses de mama.

Ao longo dos anos seguintes, novos casos começaram a ser reportados, despertando a atenção da comunidade médica e científica. Em 2011, a Agência de Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) emitiu um comunicado alertando sobre uma possível associação entre os implantes mamários e o desenvolvimento do BIA-ALCL. Esse comunicado estimulou uma investigação mais aprofundada sobre o assunto.

Em 2016, a Organização Mundial da Saúde classificou o Linfoma Anaplásico de Grandes Células B relacionado a próteses mamárias (BIA-ALCL) como uma nova doença. Essa classificação desempenhou um papel fundamental na disseminação de informações sobre o tema, aumentando a conscientização tanto entre a comunidade médica quanto entre os pacientes.

Desde então, o BIA-ALCL tem recebido uma atenção significativa, e os esforços para coletar dados e informações mais precisas sobre a doença foram intensificados. Isso permitiu uma melhor compreensão dos fatores de risco, sintomas e métodos de diagnóstico associados ao BIA-ALCL.

O que é BIA-ALCL?

BIA-ALCL, que significa Linfoma Anaplásico de Grandes Células B associado a implantes mamários, é um tipo raro de câncer que pode ocorrer em mulheres com implantes mamários.

É importante ressaltar que o BIA-ALCL não é um câncer de mama, mas sim um linfoma não Hodgkin que se origina nas células B do sistema linfático, que é parte do sistema imunológico. Na maioria dos casos, o câncer é encontrado na cápsula fibrosa que se forma ao redor do implante e no líquido ao redor dele.

O diagnóstico precoce é essencial, pois o BIA-ALCL tem a capacidade de se espalhar para outras áreas do corpo, por meio de metástase. O tratamento geralmente envolve a remoção completa do implante mamário, incluindo a cápsula, no entanto, em alguns casos, pode ser necessária a combinação de tratamentos, como quimioterapia e radioterapia.

Esse câncer é raro mesmo?

A Agência de Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) tem emitido relatórios atualizados sobre o BIA-ALCL, fornecendo informações sobre casos relatados e seu impacto global. De acordo com o último relatório disponibilizado até o momento, desde 1º de abril de 2012, foram registrados 1130 casos de BIA-ALCL em todo o mundo, com 59 mortes relacionadas a essa condição (Fonte: FDA).

É importante observar que, em comparação com o número de cirurgias de prótese de mama realizadas anualmente em todo o mundo, que é estimado em 1.795.551 (Fonte: ISAPS), o número de casos de BIA-ALCL é consideravelmente pequeno. Isso demonstra a natureza rara dessa doença, representando aproximadamente 0,12% a 0,53% de todos os cânceres de mama e cerca de 2% dos casos de linfomas (Fonte: NLM).

Apesar de sua raridade, é fundamental esclarecer e conscientizar a população sobre o BIA-ALCL. Isso permite que as pessoas estejam informadas sobre a possibilidade dessa condição, os sinais de alerta e a importância de buscar avaliação médica adequada. Com uma maior compreensão sobre o assunto, as mulheres podem tomar decisões informadas sobre a cirurgia de prótese de mama, estar atentas aos sintomas e buscar tratamento precocemente, caso necessário.

Quais são os sintomas do BIA-ALCL?

Os sintomas do Linfoma Anaplásico de Grandes Células B relacionado a próteses mamárias (BIA-ALCL) podem variar de pessoa para pessoa. No entanto, existem alguns sintomas comuns a serem observados, que podem incluir:

Acúmulo de líquido ao redor do implante mamário (seroma)

Uma das características distintivas do BIA-ALCL é o desenvolvimento de fluido (seroma) ao redor do implante. Isso pode causar inchaço, aumento de volume ou uma sensação de plenitude na mama afetada.

Inchaço dos gânglios linfáticos (linfonodomegalia)

Em alguns casos, os gânglios linfáticos próximos à mama afetada podem ficar aumentados ou palpáveis. Isso pode ser um sinal de que o linfoma está se espalhando para os gânglios linfáticos.

Dor ou desconforto

Algumas mulheres podem experimentar dor na área do implante mamário ou desconforto persistente.

Palpação de nódulo

Apesar de menos comum, foi relato casos de nódulos palpáveis em mama.

Contratura capsular

A contratura capsular é uma complicação das próteses mamárias em que a cápsula fibrosa ao redor do implante se contrai e pode causar dor, deformidade e endurecimento da mama.

É importante ressaltar que esses sintomas não são exclusivos do BIA-ALCL e podem estar associados a outras condições, como infecções ou complicações relacionadas ao implante. No entanto, se você estiver enfrentando esses sintomas, é fundamental procurar um médico especialista em cirurgia plástica para uma avaliação adequada.

Existe alguma característica da prótese de mama que aumenta a chance de desenvolver o BIA-ALCL?

A superfície texturizada dos implantes mamários é considerada um fator de risco adicional em relação às próteses de superfície lisa para o desenvolvimento do BIA-ALCL. Estudos têm demonstrado que a texturização pode desencadear uma resposta inflamatória mais intensa o que provocaria uma chance maior de desenvolver esse tipo de câncer.

É importante mencionar que embora a texturização esteja associada a um maior risco, a grande maioria das mulheres com implantes texturizados não desenvolve o BIA-ALCL. Ainda assim, a textura é um fator de risco que tem sido levado em consideração pelas autoridades de saúde e pela comunidade médica.

Quanto aos fabricantes de próteses mamárias, é verdade que a fabricante Allergan foi associada a um maior número de relatos de casos de BIA-ALCL em comparação com outras marcas. No entanto, é importante ressaltar que essa associação não significa que todas as próteses Allergan sejam necessariamente problemáticas. A segurança e a escolha do implante devem ser discutidas com um cirurgião plástico especializado, considerando fatores individuais e informações atualizadas sobre os produtos disponíveis no mercado.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico do Linfoma Anaplásico de Grandes Células B relacionado a próteses mamárias (BIA-ALCL) envolve várias etapas e requer uma abordagem médica especializada. Essas etapas podem incluir:

Avaliação clínica

O médico realizará uma avaliação dos sintomas relatados, histórico médico e realizará um exame físico, incluindo a palpação dos gânglios linfáticos e da área ao redor do implante mamário.

Exames de imagem

Exames de imagem, como ultrassonografia, ressonância magnética ou tomografia computadorizada, podem ser realizados para avaliar a presença e a extensão do linfoma e verificar se há envolvimento dos gânglios linfáticos ou de outros tecidos.

Aspiração ou biópsia

Em casos suspeitos, pode ser realizada uma aspiração com uma agulha fina ou uma biópsia dos gânglios linfáticos aumentados, da cápsula fibrosa ou do seroma ao redor do implante mamário. Essas amostras serão enviadas para análise laboratorial.

Análise patológica

A análise patológica é crucial para confirmar o diagnóstico de BIA-ALCL. As amostras obtidas na aspiração ou biópsia são examinadas microscopicamente por um patologista, que avalia as características das células para determinar se são compatíveis com o linfoma anaplásico de grandes células B.

É importante ressaltar que o diagnóstico do BIA-ALCL deve ser realizado por profissionais de saúde especializados, como hematologistas, oncologistas ou cirurgiões plásticos, com experiência no diagnóstico e tratamento desse tipo de linfoma.

Qual o tratamento do BIA-ALCL?

O tratamento do BIA-ALCL pode variar dependendo do estágio da doença e da extensão do envolvimento do linfoma. Geralmente, o tratamento envolve uma abordagem multidisciplinar que inclui cirurgia e, em alguns casos, terapia sistêmica adicional, como quimioterapia e radioterapia.

Aqui estão as principais opções de tratamento para o BIA-ALCL:

Remoção do implante e da cápsula fibrosa

A cirurgia é frequentemente realizada como parte do tratamento do BIA-ALCL. A remoção completa do implante mamário e da cápsula fibrosa ao seu redor, incluindo qualquer tecido envolvido pelo linfoma, é geralmente recomendada.

Quimioterapia

Em alguns casos, principalmente se houver envolvimento dos gânglios linfáticos ou disseminação para outras partes do corpo, pode ser necessário realizar tratamento com quimioterapia. A escolha dos agentes quimioterápicos dependerá das características específicas do linfoma e da avaliação individual do paciente.

Radioterapia

A radioterapia pode ser usada como tratamento adjuvante para destruir células cancerígenas remanescentes após a cirurgia. Ela pode ser direcionada para a área afetada ou para gânglios linfáticos específicos, dependendo da extensão do linfoma.

Acompanhamento e monitoramento

Após o tratamento, é importante realizar acompanhamento regular com o médico para monitorar a resposta ao tratamento, detectar possíveis recidivas e avaliar a saúde geral do paciente.

O que os pacientes que têm prótese devem saber?

  • O BIA-ALCL é um câncer raro do sistema linfático relacionado às próteses de mama.
  • A doença normalmente se manifesta tardiamente, geralmente após 5 anos da cirurgia de implante mamário.
  • Atualmente, não há recomendação para a retirada de rotina da prótese de mama (explante mamário) em pacientes que não apresentam sintomas.
  • Caso você possua uma prótese de mama e esteja apresentando algum dos sintomas, é importante procurar o seu cirurgião plástico para que ele possa realizar as avaliações necessárias.

O que os pacientes que querem colocar prótese de mama devem saber?

  • Os implantes mamários não são dispositivos de longa duração (durabilidade média de 15 anos). Quanto mais tempo você tiver seus implantes, maior a probabilidade de precisar removê-los ou substituí-los.
  • É importante entender que você pode precisar passar por cirurgias adicionais (reoperações) devido ao fato de que os implantes mamários não são permanentes e podem ocorrer complicações.
  • É importante ressaltar que o custo da remoção ou substituição dos implantes geralmente não são cobertos pelo plano de saúde, mesmo em casos de complicações.
  • As complicações locais mais comuns e os resultados adversos incluem contratura capsular, necessidade de reoperação e remoção dos implantes. Outras complicações locais podem envolver rompimento dos implantes, assimetria, cicatrizes, dor e infecção no local da incisão.
  • Existem diferentes formas, estilos e texturas de implantes mamários. É fundamental discutir seus objetivos, expectativas e os benefícios e riscos dos implantes mamários com seu cirurgião.
  • Caso opte por remover seus implantes sem substituí-los, é possível que ocorram alterações nos seus seios naturais, como flacidez, depressão na parede torácica, enrugamento, perda de tecido mamário ou outras alterações cosméticas indesejáveis.
  • É importante realizar monitoramento regular dos implantes mamários enquanto você os tiver. Seu médico poderá recomendar exames regulares, como ressonância magnética (RM) ou ultrassonografia, para detectar rupturas do implante mamário e outras complicações. Vale ressaltar que esses exames podem não ser cobertos pelo plano de saúde.
  • Há um risco associado ao desenvolvimento de um tipo de câncer chamado Linfoma Anaplásico de Grandes Células Associado a Implantes Mamários (BIA-ALCL) na mama ou na cápsula ao redor do implante. É importante destacar que o BIA-ALCL não é um câncer de mama. O tratamento do BIA-ALCL envolve a remoção do implante e da cápsula ao redor dele. Em alguns casos, quimioterapia e/ou radioterapia também podem ser necessárias.

Conclusão

Em conclusão, o BIA-ALCL é um câncer raro do sistema linfático associado às próteses de mama. Embora seja uma condição infrequente, é essencial que as pessoas com implantes mamários estejam cientes desse risco e monitorem regularmente seus implantes.

O diagnóstico precoce é fundamental para um tratamento eficaz e uma boa perspectiva de recuperação. Se você notar qualquer sintoma ou alteração em seus seios após a cirurgia de implante mamário, é crucial procurar seu cirurgião plástico imediatamente para uma avaliação adequada. Além disso, manter-se informado sobre as últimas pesquisas e recomendações médicas relacionadas ao BIA-ALCL é fundamental para garantir a sua saúde e bem-estar.

Com o devido acompanhamento médico, conscientização e cuidados, podemos trabalhar juntos para garantir a segurança e a saúde das pessoas com implantes mamários.

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Médico pela UFPR, cirurgião plástico pela UFPR, sócio-proprietário da Clínica Bellage e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

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